quarta-feira, 7 de julho de 2021

O misticismo e as vias místicas

O misticismo geralmente é definido como a experiência de fusão com o todo-absoluto-infinito ou Deus. O que poderíamos fazer para realizar essa sagrada união? Existe algum ritual ou receita correta à serem realizadas, para alcançarmos esse elevado objetivo? Escrevemos esse artigo para tentar responder essas questões e se possível contribuir para que muitos consigam encontrar o próprio "caminho místico".


Antes de respodermos às questões elencadas na introdução, queremos citar nossa experiência do assombro na contemplação dos mistérios cósmicos existenciais. Já escrevemos um artigo nesse blog citando essa experiência e para quem quiser conhece-lá, deixaremos abaixo o link de acesso, que direcionará aos que se interessarem à página do artigo.

Fonte:https://feitoza-filosofia.blogspot.com/2017/06/o-sentimento-de-espanto-na-contemplacao.html?m=1


Já que falamos de assombro, pegando gancho nessa nossa experiência citada, para haver assombro é necessária antes uma aguçada curiosidade, que nos abre ao desconhecido, aos mistérios da vida, ao mundo, à natureza e aos céus. Portanto a curiosidade é o primeiro degrau para atingirmos o misticismo.

Depois da curiosidade, segue-se a contemplação. Ao observarmos o desconhecido, ao percebermos sua grandiosidade, profundidade e imensidão, mergulhamos na contemplação. Na contemplação tomamos consciência de toda imensa e misteriosa realidade que nos cerca e de nossa aparente diminuta importância perante a magnânimidade, imensidão, infinitude e excelsitude do todo que nos cerca. Ou seja, na contemplação temos o choque do mundo celestial imenso, muito elevado e com seus astros cintilantes, contraposto ao nosso mundo terreno, muito pequeno, com os seres vivos que o habitam e nós humanos, demasiados rebaixados e rasteijantes. Portanto a contemplação é a segundo degrau para alcançarmos a união com o todo, talvez a etapa mais importante, pois através dela temos a consciência do choque das realidades contrárias.

Depois da contemplação temos um longo período de incubação em que a mente tenta compreender e dar um sentido à todas essas contradições, conflitos e assombros, até um ponto em que essa incubação termina com o aparecimento de uma nova visão. Essa nova visão emergirá como um novo conceito, que abarcará todas as contradições e diferenças anteriormente percebidas, num todo único, gerérico, igualitário e inédito. Chegamos então à realização final do misticismo contemplativo pela via intelectual e na consagração do místico comtemplativo.

A bondade é a outra via para chegarmos ao misticismo prático e a consagração do místico moral. Através da bondade superamos a individualidade e o egoísmo.Quando não queremos o mal para o outro que não queremos para nós e, ao contrário, quando queremos o bem para o outro que queremos para nós, superamos os nossos limites corpóreos, nos transportando para o corpo de outras pessoas, sentindo elas como se fossem uma só carne unidas conosco. Agindo assim estamos considerando toda a realidade como um único corpo absoluto, com um único orgão sensorial, não vendo mais separatividade, individualidade, egoísmo, diferenciabilidade, inferioridade, superioridade e vacuidade espacial entre os seres ou corpos. Estamos realizando o misticismo prático e nos consagrando místicos práticos através da prática da bondade.

Portanto a realização do misticismo se dá no plano intelectual, com a elaboração de conceitos, leis, princípios e teorias mais abstratas e genéricas possíveis, unificando ao máximo o macrocosmo e o microcosmo. E também no plano prático-moral, com a prática do bem e da bondade como forma de superação de toda individualidade e separatibilidade dos seres vivos.  

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