sexta-feira, 25 de junho de 2021

A alta e baixa magia, a indignidade da prática da baixa magia e feitiçaria e as contribuições da feitiçaria para o surgimento da Alquimia

A definição de magia na antiguidade era diferente do que hoje se designa vulgarmente como magia.


O termo mago na antiguidade era utilizado para designar pessoas com altas habilidades ou grandes domínios em determinadas práticas ou campos de conhecimento. A magia era entendida como uma das mais altas realizações do espírito humano.

Os supostos rituais de magia das escolas herméticas primordiais, eram na verdade apenas exercícios do espírito humano para chegar até o divino, etapas de preparação do espírito humano para atingir o objetivo de fusão com o absoluto(misticismo). Nenhum alquimista ou mago de fato queriam construir um athanor(forno filosofal) para fazer uma pedra filosofal com vários processos de mistura de mercúrio, sal, enxofre e outras substâncias  desconhecidas, para a partir dessa mistura chegar ao azoth, daí confeccionar a pedra para a partir dessa conseguir extrair um elixir para a vida eterna.Toda a descrição desse processo era meramente figurada. O Athanor pode ser entendido como as experiências dos seres humanos, as misturas dos elementos são os constantes refinamentos pelo qual o espírito humano passa durante a vida e pedra filosofal o produto resultando desse refinamento, intelecto aguçado, espírito humanizado, moral elevada e bondade manifesta. Todas essas características adquiridas dão-nos o elixir da vida eterna em comunhão e abençoada pelo todo-absoluto-eterno. Esse era o verdadeiro espírito da alta magia, que era mais intelectual, filosófica, mística e elevadamente espiritual.

A magia baixa ou vulgar surge da mal interpretação da alta magia. Os magos que praticaram ou praticam a baixa magia ou feitiçaria, tiveram e ainda possuem uma interpretação literal das escolas e rituais da alta magia primordial. De fato construíram fornos e passaram a misturar elementos, venenos de plantas, de animais, partículas de elementos químicos, tentativas de transmutações de metais e etc...

O legado bom dessa baixa magia foi o surgimento da alquimia, mãe da química moderna. A alquimia nos trouxe consideráveis descobertas e progressos em mineração, processos químicos de decantação, sublimação, destilação, separação e aglutinação de elementos e até possíveis avanços em farmacologia e medicina.

O legado ruim foi o aparecimento dos feitiçeiros e bruxas, com macabros sacrifícios de animais e até de crianças, para a realizações dos seus feitiços e rituais.

O verdadeiro filósofo despreza a prática da feitiçaria, por considerá-la moralmente indigna e também por não acreditar na sua eficácia. Em primeiro lugar considera que não é justo usar feitiçaria para prejudicar pessoas inocentes, que não conhece as técnicas e não pode utilizar as mesmas armas, considerando que a esmagadora maioria das pessoas não conhecem praticamente nada sobre práticas ou rituais mágicos. Seria o mesmo que um praticamente de artes marciais usar suas técnicas para matar inocentes na rua e considerar que está certo e é justo ao matar covardemente. Em segundo lugar, não considera lógico alguém dominar práticas indignas, maléficas, que destroem e matam a distância com domínio de varas, amuletos, talismãs, pantáculos, clavículas e outros supostos objetos, estruturas e armas mágicas, obtendo sucesso com elas, e outras pessoas de bem não obterem às mesmas armas e poderes mágicos dos seus deuses ou do Deus absoluto, para se defenderem desses ataques. Isso feriria a justiça divina e sua perfeição, ao distribuir poderes sobrenaturais aos maus e não distribuir poder nenhum aos bons, ignorantes, pacíficos ou que não dispõem de poder ou conhecimento mágico algum.

Mesmo que o filósofo provasse seus efeitos e conhecesse as técnicas das magias e feitiçarias baixas, não deveria jamais utilizá-las, principalmente contra os inocentes ou não praticantes. Somente poderia usar para auto defesa ou autorizado pelo reino do absoluto Deus. Mas como ja foi demonstrado acima, não seria digno da natureza do absoluto proporcionar à alguém poderes de práticas mágicas sobrenaturais, pois essa concessão traria muito mais problemas, injustiças, matanças e crueldades do que benefícios, paz, harmonia, amor e bondade entre os seres humanos. 

Algúem poderia argumentar que Deus poderia conceder esse poderes em situações excepcionais, como no caso do povo hebreu fungindo no deserto da opressão e escravidão pelos egípcios. Mais novamente argumentamos que se os hebreus eram o povo escolhido, Deus com todo seu poder deveria agir diretamente com milagres e outras intervençõs sobrenaturais, como de fato foi relatado no antigo testamento, de modo que as práticas mágicas e de feitiçaria  baixa não encontram qualquer respaldo na razão, na moral e justiça humanas e menos ainda na razão, moral e justiça divina.

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