sábado, 30 de março de 2019

Sobre o vazio


As coisas não estão dentro do espaço, estão e são no espaço.

O espaço é continum, indivisível, inquantificável e imatematizável, pois não pode existir um pedaço de vazio, 2 pedaços de vazios e assim por diante. Quantificável e divisível apenas são corpos e estados físicos - materiais.

Nos nossos corpos físicos, quando nos deslocamos no espaço, o mesmo espaço que permite nosso movimento externo permite a circulação de sangue dentro das veias, pois estamos constantemente atravessando o espaço e constantemente entra e sai espaço vazio do interior dos nossos corpos, porque ele não reage com a matéria e corpos materiais permitindo que os corpos se movam de uma direção para outra. Portanto o vazio é uno, continum, indivisível, eterno, imóvel, imutável e infinito(sem limites ou fronteiras últimas).

Se não existisse vazio e tudo fosse matéria e corpos, todos esses corpos estariam se limitando uns aos outros ao infinito, já que como não existiria vazio no qual pudessem ser empurrados, quando fossem se mover, seriam limitados pelas partículas e corpos materiais vizinhos, esses por sua vez por seus outros vizinhos e assim ao infinito, já que múltiplos e infinitos corpos materiais não podem atravessar uns aos outros na realidade, 2 corpos materiais não podem mutamente se atravessarem na realidade passando um por cima ou fantasmagoricamente sobre o outro, de modo que os corpos somente podem se mover se estiverem no vazio existente e real, que denominamos espaço.

Dentro de um ponto do espaço poderia caber infinitos corpos materiais, se pudessemos infinitamente proceder uma operação de ir amassando-os e empurrando-os uns sobre outros, porque ali dentro da massa daqueles corpos, o vazio, que também esta entre as subpartículas, permitiria os movimentos infinitos de empurrão e deslocamento desses corpos, exatamente porque o vazio não interage com os corpos e não opõe a eles nenhuma resistência, pois é de natureza incorpórea, oposta à matéria e toda corporidade.

Ao contrário, infinitos corpos e partículas ocupando todo universo, sem a existência do vazio, seria impossível, pois corpos e partículas não podem atravessar outros corpos e partículas e portanto não poderiam serem empurrados para outras direções ou pontos do espaço, pois todas as infinitas partículas estariam limitando-se umas as outras ao infinito, de modo que o movimento e realidade como observamos e conhecemos seria impossível.

A não ser que se argumente como Zenão e Parmênides que toda realidade observável é enganosa, que os sentidos enganam, que o nãoSer não pode existir (aliás um erro crasso dos filósofos pré-socráticos como Parmênides e Zenão foi indentificar o vazio com o que chamavam de nãoSer, resultando nas teses de éter e espaço físico-material preenchido por essa substância invisível, que sobrevivem desde aquele tempo dogmaticamente até hoje no pensamento científico, pois o vazio é essencial para a estrutura, movimento e existência dos seres e portanto não pode ser identificado com algo que não existe ou com o pai da inexistência, que esses filósofos chamavam de NãoSer), que somente existe o mundo matemático-platônico das ideias perfeitas e outras bobagens metafísicas-idealistas-dogmáticas do mesmo calibre.

Mas Zenão, Parmênides, Platão e outros idealistas-matematicistas podem ser refutados pelo seguinte raciocínio:

Se toda realidade e todos sentidos são enganosos, o fato de vocês dizerem isso também seria uma enganação, pois somente podem dizerem isso dentro da realidade que estão negando, e se toda realidade é enganosa, vossos discursos dentro dessa realidade também são todos enganosos, de modo que não podem ser aceitos como verdadeiros.

Se os sentidos enganam, vossas palavras de que os sentidos enganam, somente podem serem escritos pelas vossas mãos, proferidos pela vossas bocas e capturados pelos sentidos dos vossos espectadores e leitores, logo dizer que os sentidos enganam também é uma enganação, pois somente podem dizer isso através de vossos sentidos enganosos e nós somente podemos capturar vossas palavras também através de nossos sentidos enganosos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário