quinta-feira, 11 de maio de 2017

Paradoxos do Atomismo.

Se fosse possível prosseguir indefinidamente a divisão da matéria, eu acreditaria como mais provável que esse processo poderia ser executado ao infinito (tese da divisibilidade infinita, contrária a antítese atomista). O problema é que não podemos e nem temos força colossal para fazer isso, pois somos limitados fisicamente, somente conseguimos no máximo dividir até algumas frações de grãos de areia, porque não conseguimos pegar os pedaços muito pequenos para serem divididos novamente e assim sucessivamente, apenas as forças cósmicas do universo poderia fazer ou um ser ou fenômeno de infinito poder. Resulta em paradoxos e absurdos insustentáveis defender a tese da existência de entidades / elementos materiais indivisíveis, os átomos, como consideraram Demócrito e Leucipo, tese que Aristóteles rejeitou corretamente. Por que temos que aceitar a existência de átomos, se a experiência nos mostra que todos os corpos compostos são divisíveis indefinidamente até os nossos últimos limites táteis - sensíveis? Se todos os elementos materiais são quebráveis em partes menores, do mais mole ao mais duro, uma barra de ferro quando batemos nela amassa e solta pequenos pedaços de metal e fagulhas de fogo - energia revelando - nos sua divisibilidade, por que então temos que aceitar que átomos (fragmentos de matéria indivisíveis), existem? Essa tese atomista nos leva ao paradoxo bem demonstrado por Anaxágoras e Aristóteles,de que as partes são maiores que a soma do todo, pois se os componentes minúsculos das minhas células são indivisíveis e eternos, sendo que eu não sou indivisível e nem eterno, resulta que as partes minúsculas e isoladas de matéria do meu corpo são todas indivisíveis, eternas, absolutas e perfeitas, ao passo que a soma delas ou meu todo corpóreo de Filosofo Feitoza é inferior a essas partes por ser divisível em outros componentes, finito, corruptível e mortal, o que resulta na refutação do atomismo por redução ao absurdo. Outro paradoxo revela - se no fato de que se átomos existissem, não teria nenhuma lógica se unirem à outros átomos, pois se já viveriam na mais perfeita e absoluta indivisibilidade, não precisando se unirem à nenhum outro átomo para fortalecer sua existência, pois eles já seriam indivisíveis, o máximo da existência, eternos, indestrutíveis, imunes a todo tipo de choques e destruições resultantes desses possíveis choques. Logo se átomos indivisíveis e eternos existissem, a matéria não teria unidade entre múltiplos, distintos e complexos elementos aglomerados em pontos concentrados no espaço, resultando na inexistência de coesão física e consequente inexistência de observação dos corpos e estados materiais. No que resulta em mais uma refutação lógica - qualitativa do atomismo, por uma nova redução ao absurdo! E por fim, átomos indivisíveis e eternos se unirem com outros átomos também indivisíveis e eternos, através de ligações feitas de matéria finita e divisível como é a nossa composição física - corpórea e a de todos os corpos animados e inanimados do mundo, também revela -se um total absurdo nessa tese, pois da onde surgiria uma matéria divisível e finita que liga os átomos, se esses mesmos átomos são feitos de matéria indivisível,eterna e absoluta?
Dos próprios átomos primordiais que deram inicio a todo universo?
Mas uma matéria finita e divisível que surge de átomos indivisíveis e eternos não seria uma corrupção inaceitável da essência eterna e indivisível dos átomos? Um átomo indivisível que da origem a uma matéria divisível não teria que possuir o gérmen da divisibilidade em sua essência, revelando na verdade que não é nenhum átomo, mas sim uma matéria corruptível e perfeitamente divisível, o que auto refutaria a própria tese democritiana da existência de átomos? Percebem o tanto de absurdos, paradoxos e idiossincrasias metafísicas que carrega a teoria dos átomos desde mais de 2600 anos atras? Na antítese à teoria atomista, não podemos observar e testar o processo de divisão ad infinitum, porque obviamente temos limites espaciais e físicos - temporais, mas pelo menos ela esta embasada indiretamente na experiência corriqueira, sendo uma hipótese muito mais racional e cientifica do que considerar a hipótese da divisibilidade finita em átomos finais e eternos, pois não temos nenhum exemplo de fenômeno ou objeto observável na experiencia que seja indivisível, indestrutível, incorruptível e eterno, ao passo que para a hipótese filosófica da divisibilidade indefinida ou infinita, temos o apoio da experiencia sensória de que todos os objetos, corpos e fenômenos físicos são divisíveis ou decomponíveis em partes outras menores, corruptíveis e destrutíveis.